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R.A.C.A.M.

Rede de Arrojamentos de Cetáceos
do Arquipélago da Madeira

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O Museu da Baleia da Madeira (MBM) contempla, logo à nascença, uma dupla faceta, aparentemente contraditória, que concilia caça à baleia e conservação. A sua criação foi proposta à Câmara Municipal de Machico, em 1989, pelo Sr.º Eleutério Reis gerente da EBAM (Empresa Baleeira da Madeira) que viria a tornar-se o primeiro diretor da instituição apelando à proteção dos cetáceos nas águas do arquipélago.

O Museu da Baleia foi formalmente constituído a 26 de Fevereiro de 1990 por deliberação da Câmara Municipal de Machico e é uma instituição permanente, ao serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, sem fins lucrativos.


O MBM é, atualmente, um departamento do Município de Machico, localizado na Vila do Caniçal, que narra toda a história da caça à baleia, aborda a diversidade de cetáceos dedicando-se, também, à realização de projetos científicos e à educação.

A história de museu carateriza-se por três etapas principais:

  • 1990 a 2000 – A funcionar no antigo mercado do peixe do Caniçal;
  • 2000 a 2011 – Início dos projetos de investigação científica;
  • A partir de 2011 – Novo edifício – novo compromisso

 

De 1990 a 2000
O museu abriu as portas ao público a 28 de Maio de 1990 nas antigas instalações do mercado do peixe do Caniçal (Fig.1) com o nome de Museu Municipal da Baleia.

A instituição tinha por objetivo preservar a memória da atividade baleeira que decorreu no arquipélago durante 40 anos (1941-1981), com um impacto especial na Vila do Caniçal.

Fachada do Museu da Baleia no edifício antigo
Fig.1 - Fachada do Museu da Baleia no edifício antigo.

 

A exposição permanente ocupava uma área de aproximadamente 80m2 (Fig. 2) e retratava a atividade baleeira no arquipélago da Madeira bem como a biologia e ecologia do cachalote, a espécie alvo da caça.

Réplica de uma vigia da baleia

Fig.2 - a) Réplica de uma vigia da baleia.

Baleeira original, a motor e em contraplacado marítimo, num cenário onde também figura um semi-modelo de um cachalote à escala real (imagem gentilmente cedida por Manuel Nicolau)

Fig.2 - b) Baleeira original, a motor e em contraplacado marítimo, num cenário onde também figura um semi-modelo de um cachalote à escala real (imagem gentilmente cedida por Manuel Nicolau).


O Sr. Eleutério Reis (Fig.3) foi o último gerente da EBAM e o principal dinamizador do Museu da Baleia. Propôs à Câmara Municipal de Machico a sua criação e tornou-se o primeiro diretor da Instituição. A instituição contou com vários apoios financeiros entre os quais se destacam o da IFAW – Internacional Fund for Animal Welfare e da organização não governamental GSM - Gesellschaft zum Schutz der Meeressaugetiere.

 

sr eleutérioFig.3 - Sr. Eleutério Reis, último gerente da EBAM e 1º diretor do Museu Municipal da Baleia.


O Museu da Baleia  tinha vários objetivos tais como:

  1. Preservar a memória da atividade baleeira no arquipélago da Madeira, incluindo o património que restava à data da sua criação;
  2. Desenvolver estudos da biologia e história natural do cachalote e dos cetáceos arrojados nas costas do arquipélago da Madeira;
  3. Contribuir para a  conservação  dos cetáceos nestas águas.

Nos primeiros anos os esforços realizados pela instituição focaram-se na dinamização das exposições permanentes e divulgação do Museu da Baleia com o intuito de cativar visitantes. Por outro lado, sempre que foi possível, acorreram aos cetáceos arrojados nas costas da Ilha da Madeira com intuito de obterem informações sobre a biologia destes animais e obterem moldes e esqueletos para a exposição permanente da instituição. No entanto, as limitações financeiras naturais sentidas por uma instituição recém-criada e pertencente a um Município com poucos recursos financeiros dificultaram o desenvolvimento das atividades do Museu da Baleia.

Em 1993 o Museu da Baleia sofreu uma grande perda com o falecimento do seu mentor e primeiro Diretor, o Senhor Eleutério Reis, mantendo-se em autogestão até o final de 1996.

Em 1995 a exposição permanente do Museu da Baleia foi alvo de uma renovação, levada a cabo por voluntários locais e estrangeiros, onde se destaca a Dra. Petra Deimer, presidente da organização não Governamental "GSM - Gesellschaft zum Schutz der Meeressäugetiere e.V.", que apoiou financeiramente a renovação. O Museu da Baleia adquiriu uma nova dimensão em 1996 com a criação da Rede de Arrojamentos da RAM procedendo-se à recolha de dados sobre os animais arrojados. Em 1998 destaca-se a presença na Expo'98 com a baleeira madeirense Isabelinha Magalhães.

O Museu da Baleia foi crescendo ao longo dos anos, com elevada adesão dos visitantes, apesar de não ter todo o seu potencial exposto. A evolução do número total de visitantes por ano é apresentada no gráfico 1.

Gráfico 1 - Adesão dos visitantes

Em 1990 o Museu da Baleia recebeu cerca de 8 mil visitantes, número que se manteve relativamente estável até 1996. A partir de 1997, o número de visitantes foi aumentando de ano para ano, até atingir os valores máximos em 2000 e 2002. Este fato colocou este Museu num dos lugares cimeiros, no que diz respeito aos museus mais visitados da Região naquele período. É importante referir que 80% dos visitantes deste Museu são estrangeiros.

Entre 1996 e 2000, devido ao número reduzido de pessoal, o Museu da Baleia preocupou-se essencialmente em manter uma relação com a comunidade local, para que sentissem este espaço como sendo sua pertença. Qualquer habitante local podia visitar o Museu da Baleia a qualquer hora, dentro do horário de funcionamento e a custo zero. As crianças foram incentivadas a visitarem o museu por forma a estreitar a relação entre este público e a instituição, contribuindo-se para a preservação da memória cultural associada à caça à baleia. As antigas instalações do Museu da Baleia mantiveram-se em funcionamento até 15 de Outubro de 2008.

 

2000 a 2011

Em 2000 iniciaram-se os Projetos de investigação científica, funcionando a unidade de ciência no anexo da antiga Escola Preparatória do Caniçal e, a partir de 2005, nas antigas instalações do Centro de Dia e Segurança Social do Caniçal.


O desenvolvimento de projetos científicos permitiu ao museu ter a capacidade de contratar e manter com estabilidade um conjunto de colaboradores na área administrativa, logística e técnico-científica ao longo dos anos. Esta estabilidade permitiu à instituição tirar proveito e potenciar a experiência e conhecimentos adquiridos por esses colaboradores (Fig.4c). Por outro lado, os referidos projetos permitiram a aquisição de um conjunto de equipamentos que de outra forma seriam muito difíceis de adquirir, designadamente um veleiro e um bote semirígido de investigação, uma viatura mista de mercadorias, equipamentos fotográficos, equipamentos laboratoriais e outros equipamentos científicos (Fig.4a e 4b). Alguns destes equipamentos têm valor estratégico, designadamente as embarcações de investigação, pois têm constituído ferramentas essenciais para o Museu ter capacidade de desenvolver novos projetos e estabelecer parcerias, inclusive gerar receitas através da prestação de serviços com os ditos equipamentos.

Ziphius

Fig. 4-a) Veleiro de Investigação “Ziphius”

carrinha do museuFig. 4-b) Viatura utilizada numa diversidade de tarefas logísticas do Museu da Baleia, nomeadamente, no âmbito da RACAM – Rede de Arrojamentos de Cetáceos no Arquipélago da Madeira

Equipa de colaboradores da Instituição em 2004
Fig. 4-c)Equipa de colaboradores da Instituição em 2004


No entanto, a necessidade de dar um novo ímpeto à instituição, nomeadamente, através da criação de melhores condições para a realização de investigação científica, educação e divulgação conduziu ao planeamento de um novo edifício cujas infraestruturas respondessem aos novos desafios que se apresentavam.

A partir de 2011

A necessidade de conciliar o museu da baleia com um novo paradigma museológico conduziu à criação de novas instalações, cuja diversidade de espaços permite que, no mesmo edifício, se concilie museologia, história, investigação científica, educação e comunicação.

No entanto, a construção das novas instalações foi um processo que ocorreu em 3 etapas, nomeadamente:

  • 1998 - Deram-se os primeiros passos no projeto para as futuras instalações do Museu da Baleia com a sensibilização e angariação de apoios, bem como, no seu planeamento. Nesse mesmo ano o Governo Regional da Madeira cedeu um terreno ao Município de Machico para esse fim e foram realizados os primeiros esboços do edifício e do programa arquitetónico.
  • 2000 - O Governo Regional integra no Programa do mandato a construção das novas instalações para o Museu da Baleia da Madeira.
  • 2003 - O programa arquitetónico do edifício é finalizado e nele são considerados vários pressupostos, designadamente: devia responder às necessidades atuais (à data de 2003); devia responder às necessidades futuras face à missão e visão da instituição e perspetivas de crescimento (a 30 anos); devia ter em conta as acessibilidades para todos eliminando barreiras arquitetónicas; devia ter em consideração a organização funcional da instituição e a funcionalidade das infra-estruturas; devia incorporar valências para gerar receitas; e devia incorporar nas infra-estruturas, tanto quando possível, o princípio da racionalização de custos operacionais.
  • 2011 - A 2 de Setembro inaugura o novo espaço museológico sendo que a sua dinamização e operacionalização assenta nas seguintes premissas - planeamento, objetivos bem definidos e uma perspetiva de médio e longo prazo, refletidas na sua visão. A estrutura do novo edifício reflete e integra uma nova dimensão do museu, onde museologia, educação, investigação e comunicação se complementam possibilitando ao visitante uma experiência memorável.

equipa do museu

Fig. 5) Equipa de Colaboradores do Museu da Baleia da Madeira

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